sexta-feira, 11 de março de 2011

               Todos eram morenos e altos, e estavam vestidos com trajes iguais, trajes de formatura. Era uma noite clara, iluminada pela lua que parecia redondamente linda. Os postes, nem todos funcionavam, mas era suficiente para iluminar a rua nobre da cidade de Olinda.  
            Eu vinha da praça central com um grupo de pessoas, mas logo percebi que já caminhava sozinha, andava tão distraída, lendo aqueles anúncios, que não percebi que já estava sendo cercada pelo grupo que vestia trajes de formatura.Um deles puxou um revolver de porte pequeno e fez sinal para que eu não gritasse, e em seguida falou:
- É o seguinte, moça, não quero lhe machucar, é só você fazer o que eu vou mandar. Vamos assaltar o banco do quarteirão 13 e precisamos  de uma pessoa para acionar todos os alarmes. Se você for boazinha pode até receber recompensa...
Meu subconsciente pedia para que eu corresse, mas minha razão foi maior e acabei aceitando. Eles me deram um dos trajes, mas o meu vinha acompanhado com uma luva. Pensei em perguntar por que eles queriam acionar os alarmes, mas nesse momento, o mais velho do grupo, que aparentava ter uns 40 anos,  falou:
- Desse modo, vamos manter a polícia ocupada... e você, moça, vai ficar com aquele grupo. Vai acionar todos os carros desse e do outro quarteirão.
O telefone de um dos homens tocou e ele andou um pouco, creio que era para que eu não escutasse a conversa, mas ainda consegui escutar quando ele disse:
- Ela topou...talvez sim...parece ser uma boa pessoa...
O relógio marcava duas horas da madrugada, já haviam passado cinco horas depois de terem  me obrigado a participar do esquema, então fomos trabalhar.
Eu e um homem aparentando ter uns 20 anos começamos a quebrar os vidros dos carros. Alguns disparavam, e outros não. Uma parte do grupo tocava nas campainhas, e o resto, cerca de 10 homens, quebrava as vidraças, cinco minutos depois os dois quarteirões estavam agitados com alarmes disparados... Nós saímos em um caminhão carregado de armas e bombas. Meia hora depois, guiando por uma BR, eles aplicaram em mim um liquido que não consegui mais ficar acordada e acabei apagando por completo. Acordei em um hotel, e debaixo do meu travesseiro tinha um bilhete que dizia: “Obrigado”. Perguntei na recepção onde eu estava e ha quanto tempo.
- Aqui é Umbuzeiro, há  três dias a senhora está dormindo...
Voltei para casa em um taxi, o hotel já estava pago. Resolvi não denunciar, pois minha vida voltou ao normal. 
Dayara Medeiros

Um comentário:

Aldenice Souza disse...

É isso mesmo, precisamos acreditar no potencial de nossos alunos para dar-lhes espaço de criar, deixar a imaginação fluir.
Parabéns Dayara.
Aldenice Souza - Professora de Língua Portuguesa